segunda-feira, 10 de junho de 2013

37º Capitulo –“ Não fiques triste.”


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Rodrigo tentou acompanhar a ambulância mas parecia impossível visto que esta seguia a uma velocidade alucinante.
Não demorou muito até Rodrigo chegar ao hospital. Entrou logo para a sala de espera visto que a Tânia já tinha entrado. Assim que entrou foi alvo de olhares por parte das pessoas que estavam na sala. De facto estava habituado a ser observado mas devido ás circunstancias que se encontrava ali, não se senti de todo confortável.
Eram audíveis os murmúrios que se faziam sentir na sala. Rodrigo dirigiu-se para o sítio mais recatado na sala. Sentou-se num banco.
Por momentos ficou ali sentado brincando com os dedos das suas mãos ensanguentadas. Era esse o motivo pelo qual as pessoas tinham olhado para ele. Mas Rodrigo não estava com disposição nenhuma para tocar de roupa. Deixou-se ficar ali sentado.
Não sabia quanto tempo havia passado, apenas ficara ali sentado a observara as pessoas que entravam e saiam. E de todas as vezes elas lançavam-lhe um olhar de pena. Era um pouco estranho ver um jogador de alta competição como Rodrigo, coberto de sangue sem saberem o motivo em concreto para estar assim.
Rodrigo continuava sentado na posição inicial. Encostado, pernas ligeiramente flectidas e cabeça baixa.
- Vó! Poque é que o Rodigo do Benfica tem as mãos e a camisola suja de vermelho? – Perguntou um menino de 4 anos que passava por ele. Rodrigo elevou o olhar para poder visualizar o pequeno menino. Este também olhava para ele. O sues olhos mostravam estranheza e incompreensão.
O menino largou a mão da sua avó e correu apressadamente em direcção a Rodrigo. Assim que chegou perto dele, colocou delicadamente a sua pequenina mão no joelho.
- Não fiques triste. – Falava afagando o seu joelho. – O vemelho vai voltar pa’ camisola. – Apesar de a situação não ser a mais adequada para sorrir, Rodrigo fê-lo pela inocência que o menino mostrara. Afinal pensara que o sangue que tinha nas mãos provinha da camisola que representava. De facto as crianças são a melhor coisa do mundo.
A avó do menino apressou-se a ir ter com eles. Pegou na mão do menino e olhou para Rodrigo.
- Peço desculpa. – Desculpou-se a senhora que aparentava ter os seus sessenta anos. Gentilmente mandou o seu neto para a mesa. Voltou a sua atenção para Rodrigo. – Tenho a certeza que ela vai ficar bem. – Sorriu levemente.
- Mas… Como… É que…- Rodrigo não consegui terminar de falar. A senhora já se tinha afastado.
Rodrigo levantou-se dali e foi em direcção ao carro, onde tirou o seu saco de treinos. Provavelmente teria uma camisola limpa dentro dele. Voltou para dentro do edifício e caminhou sobre o olhar atento das pessoas presentes para a casa de banho.
Posou o saco em cima do lavatório. Abriu a torneira e lavou as mãos retirando todo o sangue presente nelas.
Passou a cara por água e olhou-se ao espelho enquanto a água lhe escoria pela cara. Como seria possível, isto estar-lhe a acontecer? Certamente não queria estar ali. Não queria ver a Tânia sofrer.
Secou as suas mãos nas calças. Enquanto o fazia sentiu um alto no bolço das calças. Retirou o objecto do bolço. Aquele objecto que o fazia recordar o que tinha acontecido momentos atrás. Aquele telemóvel que fazia relembrar o acidente.
Pegou na camisola limpa e entrou para o compartimento da casa de banho, onde despiu a suja e vestiu a limpa. Arrumou as coisas do saco.
O seu olhar voltou a cair no telemóvel. Pegou nele e no saco e encaminhou-se para a sala de espera.
Sentou-se sempre com o olhar dirigido para o pequeno aparelho. Devia ele mexer nele sem ordem? Ele sabia que não devia mas tinha de o fazer. Tinha de avisar a família da Tânia.
Desbloqueou o telemóvel e a primeira coisa que viu foi a fotografia de fundo. Na fotografia estava ela mais uma rapariga que supôs ser a Madalena.
Rapidamente procurou na lista um contacto que pudesse ligar. Aquele que era mais óbvio era o da mãe dela e esse estava fora de questão. O que diria a mãe dela assim que ouvisse a voz de um homem. Procurou outro e apareceu o da irmã. Parecia mais razoável mas ainda assim um pouco estranho. Mas não tinha outra hipótese. Carregou no botão verde e encostou o telemóvel ao ouvido.
Bastou três toques para que se ouvisse uma voz feminina a falar.
“ Estou! Tânia finalmente que telefonas estava a ficar preocupada”
“Não é a Tânia” – Falou. Notava-se bem que estava nervoso.
“O que é que se passa? E quem és tu”- Perguntou num tom preocupado.
“Sou um amigo da Tânia. Ela…Ela está no hospital”- Falou rapidamente.
“O quê? O que é que se passou?”
Rodrigo explicou-lhe tudo sem revelar a sua identidade.

***
Tinha passado algumas horas desde que Tânia dera entrada no hospital. Ela estava farta de estar ali. Farta de fazer exames e mais exames. Quanto ao ferimento na perna não fora nada de grave mas por algumas semana teria de andar com ajuda de canadianas.
Com a ajuda da enfermeira Tânia encaminhou para a sala de espera, onde estaria Rodrigo à sua espera. Assim que chegaram à sala de espera, Tânia ficou desiludida.
Rodrigo não estava lá tal como prometeu. Ele não cumprira o que prometera. No lugar dele encontrava-se a sua mãe e a sua irmã.

sábado, 1 de junho de 2013

36ºCapitulo – “As minhas mãos estavam ensanguentadas…”




(Rodrigo)
Percorri o meu olhar pelo local e havia pelo menos duas pessoas feridas deitadas no chão. E felizmente nenhuma delas era a Tânia, o que fez descansar o meu batimento cardíaco.
Aproximei-me das pessoas e sem as mover do sítio verifiquei as suas pulsações. Assim que verifiquei que havia batimento peguei no telemóvel e rapidamente marquei 112. Foi questão de segundos até eles atenderem e eu puder explicar tudo o que se passara. Informaram-me que dentro de poucos minutos a ambulância chegaria. Coloquei o telemóvel que agora estava ensanguentado no bolso das calças e dirigi o meu olhar para a pessoa que se mantinha em pé.
Era ela.
O seu corpo estava a milímetros do carro. Mantinha-se de frente para o carro completamente paralisada, apenas o seu cabelo esvoaçava devido ao vento.
Cheguei perto dele e suavemente coloquei a minha mão no seu ombro. Ela antes de se virar ainda estremeceu um pouco mas de seguida quando se virou e me viu atirou-se para os meus braços rompendo num choro compulsivo, que fazia o meu coração minguar com a dor que ela deixava sair pelo seu choro. 
-Vai ficar tudo bem. – Sussurrei-lhe ao ouvido enquanto passava delicadamente os meus dedos pelo seu longo e castanho cabelo. Sabia que ela estava com medo.
O seu telemóvel estava caído no meu da estrada e aparentava não ter nenhum estrago. Lembrei-me logo da pessoa com que ela estava a falar há momentos. De certo estaria muito preocupada pois a ultima coisa que ouvira fora um grito da Tânia.
Larguei-a e debilmente peguei na sua mão e conduzia até ao sítio onde se encontrava o telemóvel. Apanhei-o e verifiquei se não tinha nenhum estrago estando sempre submersos pelo o olhar frágil e medroso da Tânia.
Puxei-a para perto do meu carro sempre com o cuidado de ela não olhar para as pessoas jazidas no chão. Mas em vão.
O seu olhar ficou petrificado naqueles dois corpos femininos ensanguentados.
Quase que podia adivinhar os pensamentos que lhe passavam pela mente.
Podia ter sido ela. Podia ser ela neste momento deitada no chão ferida. E eu a assistir a tudo sem puder fazer nada. Sem a puder salvar.
Voltei a agarrar a sua mão e ela imediatamente olhou para as nossas mãos agora unidas. Estremeceu. No início não percebi a sua reação mas quando olhei para as nossas mãos vi a razão que a fez estremecer. As minhas mãos ainda se encontravam ensanguentadas e agora as dela também estavam.
Olhamo-nos novamente.
Os seus olhos voltaram a ficar vermelhos fazendo contraste com o azul e novamente os seus olhos soltaram lágrimas.
Com o polegar limpei o máximo de lágrimas que consegui mas parei no momento em que vi que as suas bochechas estavam a marcadas com o sangue que ainda predominava nas minhas mãos.
O condutor do carro estava sentado no chão com as pernas junto ao seu peito. A sua cara estava vermelha de tanto chorar. Devia ter os seus trinta anos e provavelmente teria uma família que dependia dele. Que por causa de uma distracção, que se tornou grave, ficaria destruída.
A Tânia tremia. Não sei se era de medo ou frio, ainda assim despi o blazer que trazia vestido e coloquei-o nas suas costas.
Uma multidão já se tinha juntado perto da cena do atropelamento. Muitas tentavam consolar o condutor que chorava de arrependimento. Outras estavam perto dos dois corpos. E outros tinham o olhar pregado em nós, observando cada movimento nosso.
- Estavas a falar com quem? – Perguntei suavemente depois de ela ter vestido o blazer e de eu pegar no seu telemóvel.
- C-com uma a-amiga. – Gaguejou.
- Não lhe queres ligar? Ela deve estar preocupada. – Ela bem devagar abanou a a cabeça negativamente para começar a chorar novamente.
Voltei a abraça-la. O meu olhar caiu novamente para os corpos e foi impossível não voltar a pensar naquilo que à pouco tinha assombrado a minha mente. Abracei-a com mais força só de pensar o pior.
Já se fazia ouvir as sirenas da polícia e da ambulância. Rapidamente chegaram ao local.
Enquanto os médicos se dirigiam aos corpos, um agente dirigiu-se para o condutor que continuava na mesma posição. E o outro caminhou até nós. Desfiz o abraço mas ela continuava agarrada a mim. Apenas mantinha a sua cabeça no meu peito.
O agente não falou, olhou-nos de alto a baixo e chamou um dos médicos. Fiquei confuso com a sua acção. Estávamos os dois bem. Quer dizer bem fisicamente.
O médico fez com que ela se separasse de mim. Fiz o mesmo que o agente fez e olhei-a de alto a baixo e vi que tinha uma perna ferida. O meu coração voltou a acelerar. Ela estava ferida e eu não tinha reparado. O médico observou a sua perna.
- Não é nada de grave. Mas tem de ir para o hospital fazer o curativo e ver se não tem mais nenhum ferimento. – Assim que o médico acabou de falar, a Tânia afastou-se dele e voltou para junto de mim.
Entretanto chegaram mais duas ambulâncias.
- Menina tem de vir connosco. – Falou um dos médicos que tinha saído de umas das ambulâncias.
Ao ouvir isso a Tânia abraçou-me com mais força. Percebi que ela não queria ir sozinha.
- Eu vou atrás de vocês. – Falei com as minhas mãos na sua cara para que a pudesse olhar nos olhos. – Prometo. – Os seus olhos voltaram a ficar húmidos. Depositei um beijo na sua testa e afastei-a para que ela acompanhasse os médicos que a esperavam.
Assim que ela entrou na ambulância e esta arrancou, respirei fundo e entrei no meu carro. Arrancando logo de seguida.
 
Olá!
Mais uma vez peço desculpa pela demora. Fica aqui mais um capitulo que me foi um pouco difícil de escrever pois está cheio de emoções. Espero ter conseguido expressa-los bem.
Não sei se sabem mas eu e uma colega iniciamos relativamente á pouco tempo uma nova fic. espero que passem por lá e gostem, ainda está no inicio. (http://wordscswlovecd.blogspot.pt/)
Espero que gostem e comentem.
Bjs Tânia