terça-feira, 10 de julho de 2012

8º Capitulo – “Queimá-las?!”

 
 
Tânia


Vi que ela ainda estava bastante em baixo. Acho que era normal pois quando aconteceu isso com os meus pais também fiquei assim, quer dizer não fiquei tão em baixo quanto ela, foi mais fácil visto que o meu pai estava em França quando se procedeu o divórcio. Mas acho que ela está pior pois tem um irmão com apenas 6 meses. Agora só tenho de estar lá para ela como ela esteve para mim sempre que precisei.
O dia passou bastante devagar por sinal. Tanto eu como a Madalena durante a viagem para minha casa não falámos. Ela hoje não estava numa de falar muito. Não consegui alegra-la nem sei que notícia a fará sorrir.
Chegamos a casa, avisei a minha mãe que a Madalena iria dormir cá em casa e depois fui ligar à mãe da Madalena inventando a desculpa que tínhamos um trabalho para fazer.
Quando cheguei ao quarto a Madalena estava com a caixa, onde eu tinha as minhas fotos com o Flávio, na mão.
Madalena – Tu andas-te a ver as vossas fotos?
Tânia – Não.
Madalena – Não me mintas.
Tânia – Ok. Peguei nela no dia da entrevista.
Madalena – E posso saber porquê?
Tânia – Porque a encontrei debaixo da cama.
Madalena – E o que foste ver debaixo da cama?
Tânia – P’ra quê estas perguntas todas?
Madalena – Responde, se faz favor.
Tânia – Fui à procura de umas botas e encontrei isso por acaso e vi algumas das fotos.
Madalena – Mas tu és parva, ou fazes-te?
Tânia – Não é preciso ofender.
Madalena – É sim. Estás sempre a dizer que o queres esquecer mas depois guardas as fotos que tens com ele.
Tânia – O que é que queres que eu faça?
Madalena – Olha que deites as fotos para o lixo. Ou melhor que as queimes.
Tânia – Queimá-las?!
Madalena – Sim. Tens de por este capítulo para trás das costas. E se o queres esquecer definitivamente tens de começar pelas fotos, ou seja, queima-las.
Tânia – E onde vamos fazer isso?
Madalena – No teu jardim.
Peguei na caixa e fomos para o jardim. Ela tinha razão tinha de apagas estas memórias. Tinha de o esquecer por mais que me custasse.
Madalena – Vá queima-a. – Disse dando-me para as mãos um foto, em que estávamos ele e eu, e um isqueiro. Olhei para ela. Ela sorriu-me como um sinal de força e depois acendi o isqueiro e queimei a foto.
clip_image002
Fiz isso, uma a uma e depois de todas queimadas senti um alívio enorme. Fico feliz por ela me ter aberto os olhos. Um enorme sorrido formou-se nos meus lábios. É por estas e por outras que agradeço por ter conhecido a Madalena.
Fomos para dentro de casa. Jantamos entre gargalhadas e depois fomos para o meu quarto.
Eu não queria tocar no assunto mas tinha de o fazer, eu sabia que ela precisava de falar e se tivesse de desabafar com algum esse alguém seria eu.
Tânia – Estás melhor?
Madalena – Melhor do quê?
Tânia – Agora sou eu que te digo para não me mentires. Eu sei que estás mal.
Madalena – Tu não vais compreender.
Tânia – Não vou compreender?! Só podes estar a gozar, os meus pais estão divorciados à 4 anos. Eu sei como te estás a sentir. Eu posso-te ajudar mas só posso fazer isso se tu me permitires isso. Mas se não quiseres falar comigo, estás à vontade não te vou pressionar para o fazeres. - Sai do quarto, fui até à casa de banho, tomei banho e vesti o meu pijama.
Fui de novo para o meu quarto e ela continuava na mesma posição, não lhe disse nada, retirei da gaveta um pijama para ela. Atirei-o para cima da cama para que ela percebesse que o pijama era para ela.
Madalena – Desculpa!
Tânia – Desculpa do quê?
Madalena – Por te ter dito o que disse.
Tânia – Ouve, não tens de me pedir desculpas, eu só quero que fales comigo. Que não guardes tudo para ti. Já me ajudas-te o suficiente, agora deixa-me ser eu a ajudar-te.
Madalena – Eu deixo. Mas ainda não me sinto preparada para falar sobre o assunto.
Tânia – Quando te sentires preparada sabes que eu estarei aqui.
Sorri e abracei-a. Ficamos assim durante algum tempo até que a minha mãe nos veio perguntar se queria comer qualquer coisa antes de dormir, ambas respondemos que não. Ela vestiu o pijama.
Acordámos com o despertador. Ainda era bastante cedo. Fui tomar banho e de seguida foi a Madalena. Como vestíamos o mesmo número de roupa emprestei-lhe uns calções brancos com uma camisola preta e uns Vans também pretos.
clip_image006clip_image004
Roupa da Madalena                                          Roupa da Tânia

Tomamos o pequeno-almoço e de seguida fomos apanhar o metro até à escola. Quando lá chegamos juntámo-nos ao resto da turma. Eu como sempre acendi o meu cigarro.
Estava encostada aos ferros quando sinto umas mãos na minha cintura e me sussurra ao ouvido.
… - E que tal deixares de fumar. – Não precisei de me virar. Reconhecia aquela voz até no fundo do mar.
Tânia – O que é que queres Flávio? – Virei-me para ele.
Flávio – Então, venho cumprimentar a turma. E tu fazes parte dela portanto também te cumprimento. – Ainda não tinha tirado as mãos da minha cintura.
Tânia – Tens cá uma lata tu.
Flávio – É, dizem que sim. – Olhou-me de alto a baixo. – Bem me parecia que estavas mais alta.
Tânia – E depois?
Flávio – Pára de ser fria comigo. – Disse já com os nossos lábios quase colados.
Tânia – Eu sou fria com quem eu quiser. - Ele estava a testar o meu auto-controlo.
Flávio – Isso é treta.
Tânia – Treta?!
Flávio – Sim. Ou pensas que eu não sei que só estás a pôr essa faceta por causa do que aconteceu e que no fundo preocupaste comigo.
Tânia – O que acabaste de dizer é que é uma treta.
Flávio – Claro que é. – Disse ironicamente.
Tânia – Como queiras. – Disse tentando afastar-me dele. Mas ele voltou a puxar-me mais para ele e ficamos ainda mais juntos. Ele aproximou a cara da minha e naquele momento pensei que me iria beijar. Roçou os seus lábios nos meus. Fechei os olhos mas quando pensava que ele me iria dar um beijo nos lábios e fez o que não esperava deu-me um beijo bem no canto dos lábios e foi-se embora com um sorriso vitorioso.
Suspirei de alivio pois se ele me tivesse beijado nos lábios teria cedido. Tocou e entrei para a aula.
O dia até passou bastante depressa. Estava a falar com a Madalena quando os nossos telemóveis, por coincidência, tocaram ao mesmo tempo. Atendemos afastando-nos um pouco.

Início da Ligação

-Estou sim?
- Gostaria de falar com a Tânia. Será que é possível?
- Fala a própria.
- Daqui fala Rita Proença. Secretária de Luís Felipe Vieira. Queríamos agradecer-lhe por ter comparecido à entrevista … - interrompi a senhora.
- Fiquei com o trabalho?

2 comentários:

  1. Olá :)
    ADOREI!!!
    Mas não se deve acabar assim!!!
    Agora ficamos a morrer? :P
    Quero mais e rápido sim?
    beijinhos
    Rita
    http://lifegoesonr.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Adorei este capitulo
    Adoro a queima das fotos
    E adoro a relaçao dela com a Madalena

    ResponderEliminar